VAMOS LER UMA COISINHA GENTE AMIGA?
Então minha gente amiga, essa semana li um livrinho bem fininho, descontraído e muitíssimo polêmico. Trata-se do Guia Politicamente Incorreto da Filosofia de Luiz Felipe Pondé (colunista da Folha de São Paulo). O livro faz uma abordagem filosófica (bem rasa e acessível, não se preocupe!) de alguns assuntos do nosso cotidiano. Mas adianto: Pondé traz sua versão politicamente incorreta das coisas!! Engraçado, que foi justamente isso que mais me chamou a atenção e despertou minha curiosidade. Há tempos já manifesto a minha crítica pessoal contra essa "tendência" de que todo mundo deve, nos dias de hoje, "pagar" de bonzinho, descolado, diplomático (isso importa não dar opinião em qualquer assunto polêmico), não fumante, vegetariano, usuário de bikes moderninhas, praticante de exercícios, protetor do meio ambiente, da camada de ozônio, não adepto de comida gordurosa, glúten e outras invencionices (ou chatices mesmo). Uma política da "fofurice", que prega essa ilusão de que seria possível acreditar que nós, pobres seres humanos, teríamos o poder de afastar características e sentimentos a nós tão inerentes: inveja, cobiça, raiva, egoísmo, indiferença para com nossos semelhantes, covardia, medo, infelicidade sem causa imediata e outras "coisitas más". Para vocês terem uma idéia do livro, reproduzo alguns trechos:
"Bovarismo é um termo inventado para descrever um comportamente feminino a partir de uma personagem chamada Emma Bovary, de um romance escrito por Gustave Flaubert no século 19.
Nesse romance, Emma, ou Madame Bovary, como ficou conhecida, vive no mundo da lua sonhando com uma vida repleta de aventuras românticas e acaba se matando porque se apaixona por homens errados e destrói seu casamento e sua vida.
A fortuna crítica costuma identificá-la como o exemplo típico da mulher burguesa que crê que dinheiro e shopping center resolverão o vazio necessário que é a vida cotidiana.
A crítica politicamente correta nos proíbe de dizer que Emma Bovary
não morreu e que ela esta presente em (quase) toda mulher( e talvez em muitos
homens) que vive uma constante insatisfação com o envelhecimento e a ausência de
"aventura" na vida. O mundo contemporãneo e sua vocação para a histeria como
"direito de toda cidadã"( o bovarismo como direito de toda cidadã) pensam que a
insatisfação feminina seja fruto da repressão machista.Mas não é.Qualquer homem
que não tenha medo de sua mulher(coisa rara, porque os homens sempre tem medo de
mulher que ama) sabe que toda mulher é sempre insatisfeita.Em parte, podemos até
reconhecer que durante muito tempo, talvez, os homens não se preocupassem em
fazer gozar as mulheres. A afirmação de que muitas muitas mulheres nunca gozaram
se tornou uma máxima típica de sabedoria chinesa: independentemente de fazer ou
não sentido, é sempre tomada como sabedoria muito profunda. Mas não me parece
que mulheres "livres" ainda possam usar deste argumento, e, no entanto, a
insatisfação bovariana continua. Não adianta, minha querida leitora, voce nunca
vai ficar satisfeita com o que tem. Logo nascerá em voce aquele gosto azedo do
vazio que já não é mais novo.
A vítima disso não é só o homen que gosta de sua mulher ou de
mulheres em geral, mas as própria mulheres. A vocação infernal da mulher para
querer se sedutora o tempo todo deve ser vista, segundo a ala politicamente
correta que vê a vida como balada adolescente eterna, como um direito de toda
cidadã, e por isso nínguem pode envelhecer ou superar a histeria do desejo sem
se sentir uma "velha" infeliz. Isso faz das mulheres uma infantaria de paquitas
velhas que cotidianamente devem se superar nos modos de parecer jovens e
sedutoras. Aquilo que é destino maldito(querer ser sudutora sempre) é erguido em
categoria de direitos humanos, obrigando-as a ficar cada vez mais intratáveis na
sua sede de ser sempre gostosas como vampiras sem charme. A alma, coitada,
sempre vítima do corpo, agoniza sob o salto da histérica eterna que agora
caminha sobre o mundo com ares de revolucionaria."
"Uma palavrinha sobre o budismo light ou sustentável, como costumo dizer. Esse tipo de budismo que se relaciona bem com a "Nova Era" (salada de conceitos religiosos de várias tradições mal cozidos, para consumo da classe média semiletrada e com alta opinião sobre si mesma), é normalmente típico de gente bem egoísta e dissimulada. Dizer que se é budista (ninguém deixa de ser católico ou judeu e vira budista em três semanas num workshop em Angra dos Reis ou num centro budista nas Perdizes, em São Paulo) pega bem em jantares inteligentes, porque dá a entender que você não é um materialista grosseiro, mas sim um espiritualista sustentável. Basicamente, uma religião sustentável não precisa sustentar nada a não ser uma dieta balanceada, uma bike importada e duas ou três latas de lixo de design em casa, para reciclagem de lixo."
Segue a dica!
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