terça-feira, 15 de julho de 2014

MAL SECRETO

Gente amiga, a poesia abaixo caiu na prova do Enem de 2013 e eu achei tão atual (vide nossa era midiática fomentada pelas redes sociais) que separei para compartilhar aqui com vocês. Vejam só: 

Mal secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;


Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora nos causa, 

Então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!


Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
 
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.

Agora, a questão da prova:

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que:
A) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
B) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
C) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
D) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
E) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.

Alguém tem dúvida que a alternativa certa seja a letra A??

Um comentário:

Anônimo disse...

Você voltou em grande estilo. Amei.